Vai e reconstrói minha Igreja, Francisco

Vai e reconstrói minha Igreja, Francisco

“Clima de Jornada Mundial da Juventude”, diz peregrina sobre o enterro do papa

ROMA | O trono de São Pedro está vazio. Sé vacante. Para católicos do mundo inteiro, é noite até que os 115 cardeais votantes decidam ser apenas 114. E às 16h14 de 13 de março, a porta central da Basílica de São Pedro abre-se com o raiar do Sol: “Habemus papam!

Era Francisco, já de vestes brancas. A economia e o nome eram surpresa. O arcebispo emérito de São Paulo, Dom Claúdio Hummes, que acompanhou lado a lado a vitória do Cardeal Bergoglio, lhe disse após o anúncio: “Não se esqueça dos pobres”. E pela primeira vez na história, a missão de São Francisco de Assis seria a missão do bispo de Roma.

“Sou um grande pecador, confiando na misericórdia e na paciência de Deus. No sofrimento, aceito”, disse aos cardeais ao acolher o resultado do escrutínio, e a mesma imagem humilde projetou ao mundo.

Bergoglio assumiu, já em sua primeira aparição pós-conclave, os votos franciscanos: pobreza, obediência e castidade. Na sacada da basílica, ergueu seu braço direito sobre algumas centenas de milhares de fiéis, mas não passou do ombro; e com o olhar doce à multidão, tornou-se o pastor do rebanho sem deixar de ser ovelha.

A proximidade de Francisco para além dos muros ganhou o globo. Ainda em sua missa de posse, em 19 de março de 2013, passou pela multidão sem a blindagem do papamóvel, e trocou o ouro do anel do Pescador, símbolo do elo dos pontífices com a missão de São Pedro, por simples prata. A sobriedade, na imprensa, foi lida como uma homenagem ao seu país-natal: Argentina, terra do argentum, metal em questão.

Por lá, já era conhecido. O então bispo Bergoglio era considerado conservador moderado pela sua forte oposição a legalização do casamento gay, possibilitada por Cristina Kirchner, presidente do país na época. Na mesma intensidade, era famoso por sua atenção aos pobres e mais necessitados, desafiando publicamente medidas liberais.

Francisco brincou, ainda em seu primeiro discurso, que foram até o fim do mundo para escolhê-lo. O primeiro papa latino, para uma América Latina que compunha quase 42% dos católicos, nunca mais pôde retornar ao seu país natal, mas encolheu o planeta para matar a saudade. Seguindo a sua formação como jesuíta e sua consagração a São Francisco, protetor dos animais, inaugurou o conceito da Casa Comum.

Na encíclica ‘Laudato Si’ – em referência ao canto franciscano “Laudato si, Dio per tutto” (Louvado seja Deus por todas as coisas, em tradução livre) –, Francisco dissertou sobre o consumismo e a ecologia; e como o cuidado com o meio ambiente passa pelo enfrentamento das desigualdades. “A ecologia humana é inseparável da noção de bem comum, princípio este que desempenha um papel central e unificador na ética social. É o conjunto das condições da vida social que permite, tanto aos grupos como a cada membro, alcançar mais plena e facilmente a própria perfeição.”

Manteve-se sempre perto dos jovens. No mesmo ano de sua eleição, durante a passagem na Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, disse: “fazei-vos ouvir, gritai, não tanto com a voz, mas sobretudo com a vida e o coração”. Em 2016, lançou o livro ‘Querido papa Francisco’, em que respondia a cartas e perguntas de crianças e suas indignações com Deus.

Afrontou a ala conservadora do Vaticano ao estabelecer tom mais acolhedor com os homossexuais. “Quem sou eu para julgar?”, ofereceu como resposta em julho de 2013 à pergunta de Ilze Scamparini, o suficiente para atrair olhares negativos sobre seu papado. Mas não recuou. Em abril de 2015, escolheu celebrar uma das missas mais importantes da liturgia, a da Quinta-Feira Santa, no Presídio de Rebibbia, e lavou os pés de uma brasileira trans, presa com outros homens e mulheres que completavam o rito. A cerimônia, que remonta a última ceia de Jesus, pela doutrina da época, deveria ser reservada apenas a homens.

Como papa, declarou que o perdão de Deus é inesgotável e prova de Seu amor na encíclica ‘O nome de Deus é Misericórdia’, carta em que orienta o Clero e os fiéis sobre doutrinas. Para a situação, declarou um jubileu extraordinário, celebração voltada ao perdão das almas e reencontro com o divino.

Durante todo seu papado, buscou criar laços com outras religiões. Em 2021, visitou o Iraque, onde se encontrou com o aiatolá Ali Al Sistani, a maior autoridade xiita do país árabe de maioria sunita. Também conheceu dez países africanos em cinco viagens, onde o catolicismo toma cada vez mais espaço. No seu discurso de Páscoa deste ano, em 20 de abril, condenou os ataques à Faixa de Gaza e reafirmou que não existe paz sem liberdade religiosa.. 

Quando Bergoglio embarcou para o conclave de 2013, estava com o discurso da Quinta-Feira da Paixão, que só iria acontecer duas semanas depois, pronto. Mas ele nunca voltou. E em 21 de abril, um dia após sua última aparição — já sentado, mas com as mesmas vestes brancas —, fez a sua páscoa.

No Brasil, há meses, 56 pessoas ansiavam o dia de terça, onde embarcariam para a Itália. Mas não faziam ideia que iriam assistir à missa de corpo presente de um dos maiores líderes da atualidade. E para eles, em especial, do sucessor de Pedro, o primeiro escolhido para erguer pedra sobre pedra.

A data de 26 de abril estava reservada para visita à Basílica de Santa Maria Maior, onde o bispo de Roma foi enterrado no mesmo dia. A manhã seguinte estava destinada à canonização de Carlo Acutis, beato millenial com Nike no pé.

Carlo nasceu na Inglaterra em 1991, mas era um italiano em tudo. Seu pai era financista de um banco inglês e seu avô, dono de uma grande seguradora no norte da Itália; mas isso não impediu sua caridade: incentivou. Ainda criança, doava seus sapatos e roupas e espalhava terços pela cidade para quem quisesse encontrar.

Era devoto de São Francisco de Assis. A cidade medieval tornou-se seu principal destino de peregrinação pela Basílica de seu padroeiro e por respirar lá “algo que não respirava nas outras cidades”, segundo sua mãe, Antonia Salzano.

A proximidade com a casa de Deus não o afastou da juventude. Usava fantasia do Homem-Aranha e da internet para criar um site que reunia milagres eucarísticos. Defendeu que deveríamos ser distintos e não “fotocópias”. 

Aos 15 anos, em 2006, morreu de leucemia fulminante em Monza, na Itália. Em seu computador, deixou gravado um vídeo em que aparecia de camisa social listrada em um fundo azul e contava à câmera o segredo envergonhado em meio a sorrisos: “Estou destinado a morrer.”

O primeiro milagre reconhecido de Carlo foi no Brasil. Matheus Lins Vianna, de Campo Grande (MS), nasceu com uma malformação congênita de pâncreas anular. A condição fazia com que tudo ingerido pelo menino fosse regurgitado e vomitado, o que impedia seu crescimento e desenvolvimento. Após sua avó Solange Maria Vianna pedir a intercessão segurando um pedaço da camisa que pertenceu a Carlo, a anomalia desapareceu nas imagens médicas.

Assim, o italiano foi ganhando as graças de brasileiros. Desde avós apaixonadas pela imagem de um quase-santo que lembram seus netos, até uma juventude recém-adulta impressionada pela santidade de alguém tão similar.

O papa Francisco já havia assinado a canonização de Carlo, processo que o tornaria oficialmente um dos intercessores da Igreja pelo título de Santo, para o dia 27 de abril, na missa dominical da Praça São Pedro, onde eram esperadas 80 mil pessoas. 

Entre elas, um grupo de brasileiros que desembarcou em Petrignano, vila vizinha à Assis, no dia 23 de abril. E naquela fria noite, Letícia, Thâmara, Bárbara, Zilmara, João Pedro, Sidnei e Sofia, passeando por uma viela ainda menor que levava ao centro da cidade que já dormia, sentiram algo que não sentiam em nenhuma outra cidade.

Na manhã seguinte, partiram para Assis. A cidade, Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, fica no coração da Úmbria, entre as montanhas do Monte Subasio. Como burgo, era protegido por muros e suas poucas passagens.

O grupo de peregrinos subiu a colina com Sidnei, João Pedro e Sofia cantando e abrindo voz. Imponente, uma Porta Nova do século 14 risca o céu azul fechado e divide um pedaço de terra de um pedaço da história. Bandeiras azuis e amarelas enfeitavam os prédios, que já se preparavam para o Festival Medieval da Primavera, o Calendimaggio. É o que se destaca ao encontrar os tons terrosos-lavados dos tijolos que formam as casas e o ladrilho de ruas que, quando criadas, jamais sonhavam encontrar carros.

Porta Nova de Assis, que data o século XIV. Foto por Lucas Gines

Ao cabo da rua, a Praça de Santa Clara guarda parte da história da cidade em sua Basílica. As clarissas, irmãs da Ordem de Clara, fazem a proteção da Cruz de São Damião. Em 1205, Francisco nas ruínas do que restava da Capela de São Cosme e São Damião ouviu do crucifixo: “Vai e restaura minha Igreja!”. E aceitou o chamado em sua fonte. Pintou a cruz de dois metros e dez.

Os peregrinos seguiram entre as vielas sem sentido definido e parapeitos que protegiam de serras de vegetações de diferentes tipos de verde. Eram oliveiras que punham as primeiras flores da temporada. Do outro lado da rua, em um cruzamento, a loja subterrânea Carla parecia ser especializada em itens do Carlo; até mesmo em imagens, o que é reprovado pela Igreja Católica até a definição de sua representação oficial. Por isso, culturalmente, a venda dessas esculturas ganhou significado de santidade.

Loja Carla estampada por artefatos que ligam a Carlo. Foto por Lucas Gines

Encontraram o Santuário do Despojamento no final de uma rua. Não era luxuoso ou imponente como as Basílicas e a Porta Nova, ao contrário, era despida como em seu nome. Naquele lugar, o pai de Francisco, que era um tecelão rico, brigara com seu filho, acusando-o de usar dos seus recursos para restaurar a Igreja. Ele, então, despiu-se de suas estruturas materiais, largando inclusive suas roupas.

Carlo está imortalizado lá desde 2020, como havia pedido a sua mãe. A Igreja de Santa Maria Maior, em Assis, é descascada pelo tempo. Na capela ao lado do altar principal, um outro grupo de peregrinos brasileiros aproximam-se da eucaristia invocada com um coral solitário que ressoava e preenchia o espaço. No centro, uma procissão encaminhava-se ao altar para virar à direita, onde uma grande imagem dourada de Nossa Senhora contrasta-se ao resto do espaço.

Outro grupo peregrino rezando missa no Santuário do Despojamento, em Assis. Vídeo por Lucas Gines

A fila era para conhecer Carlo. Letícia levava quatro fotos plastificadas com o complemento que a unia à viagem: “Curada, sem sequelas, de um tumor na parótida direita. Carlo Acutis, meu amigo do céu, rogai por nós”.

Agradecimento de Letícia perdido entre outros, em uma caixa dedicada a isso ao lado do túmulo de Carlo. Foto por Lucas Gines

O corpo de Carlo flutua e descansa. A reconstrução do menino com calça jeans e jaqueta parece que dorme numa pedra, que entre arestas, formam desenhos esculpidos de sua trajetória em Assis.

Túmulo visível de Carlo Acutis, ao final do percurso do Santuário do Despojamento. Foto por Lucas Gines

A Basílica de Santa Maria Rainha dos Anjos começou como uma igrejinha. O nome não é exagero, é tradução: porziuncola. Os peregrinos desceram, entre a chuva e os carros do centro comercial de Assis, numa praça que, em qualquer lugar que estivessem, estariam sob os olhos de Maria que estava no topo: 7,15 metros de ouro.

A pequena capela foi a terceira da restauração de São Francisco. Foi o lugar que percebeu que a reforma não era física, mas espiritual. Num minúsculo espaço, fundou a Ordem dos Franciscanos e conheceu Leão.

Uma vez, em 1216, após horas de oração profunda no escuro daquele altarzinho, fez-se luz. Era Jesus, e ao seu lado, Nossa Senhora rodeada por anjos. Eles perguntaram o que ele queria, e ele disse à mãe: “Quero o perdão das Almas”. Jesus acata e pede que, então, Francisco fale com o Vigário dele na Terra, o papa.

O pontífice não era maluco de desacatar seu chefe. Mas também não poderia conceder o perdão eterno a todos. Assim, foi acordado que a porta da futura basílica, construída em gratidão, seria santa e concederia a indulgência plenária a todos que passassem e pedissem a ela.

A indulgência plenária é a prática do esquecimento das consequências de todos os pecados já confessados. Em outras palavras, o Reino dos Céus àqueles que estão limpos. E por isso, é rara a prática de concedê-la, concentrada majoritariamente em anos de Jubileu, como 2025, que carrega o título de Peregrinos de Esperança.

Despediram-se de Assis. Mas o coração ficou lá, como conta Sofia para sua avó, Dione de Simone, que acompanhava o grupo.

No dia 26 de abril, já em Roma, o grupo de peregrinos deixou o hotel às 5h45 da manhã, na pressa de quem queria um lugar na celebração. A grande parte estava ciente que, muito provavelmente, não comungariam pela quantidade de pessoas, como os informou o Frei Diego Santana, peregrino e diretor espiritual da Paróquia Beato Carlo Acutis, a primeira do mundo dedicada ao futuro santo, perto da Estação João Dias, em São Paulo.

O topo da Basílica de São Pedro ao fundo é o norte dos peregrinos. Foto por Lucas Gines

O Vaticano e seus arredores estavam fechados. Todos que quisessem ver a missa de Exéquias deveriam ser peregrinos. O grupo inteiro seguiu entre avenidas, túneis e anúncios: Santa Bernadette de Lourdes – Um musical.

Policiais de Roma e da União Europeia faziam uma escolta e controlavam o trânsito. Entre uma saída e outra, a cúpula da Basílica de São Pedro tocava o Sol. Os peregrinos pararam na Via papa Pio X, onde foram revistados junto a uma série de jovens antes das 8 da manhã. Esse final de semana estava agendado para o jubileu de quem Francisco sempre prezou: crianças e adolescentes. “O clima do enterro é de Jornada Mundial da Juventude”, esclarece Letícia.

Foram liberados, mas sem os banquinhos que haviam comprado na noite anterior, imaginando que poderiam se sentar. Chegaram à Via della Conciliazione de lado, e ao virarem à esquerda, topam com o Vaticano. Pedra sobre pedra, castelo de seu Deus. 

O grupo de Assis negou descansar na calçada. Quando chegaram, parte da rua estava fechada por grades e jornalistas, que queriam fazer o melhor link de suas carreiras. Imaginaram que o corpo do Santo Padre passaria por lá.

Esperaram ali e descobriram que estavam errados, mas não saíram. Antes da missa, despencaram de exaustão dos dias anteriores. Foram acordados por um terço mariano, que voou tão depressa quanto as gaivotas que, agitadas, espalhavam que algo iria acontecer. 

As portas da basílica abriram. Representantes e líderes políticos, que em sua maioria guerreavam entre si, saíram de preto e recolhidos em sua mediocridade perto do que acontecia. Em seguida, cardeais vestidos de vermelho da cabeça aos pés marcharam trazendo o corpo de Francisco.

As gaivotas ornavam com os cantos de abertura, que melismavam notas cada vez mais altas em escala. A sensação do canto apoiado no diafragma esticado da escola italiana de lirismo era a suavidade de subir entre as nuvens. O grupo se escondia com as palmas, que os lembrava do chão.

“Foi um papa no meio do povo, com um coração aberto a todos. Foi também um papa atento àquilo que de novo estava a surgir na sociedade e àquilo que o Espírito Santo estava a suscitar na Igreja”, disse o cardeal camerlengo Kevin Farrell em sua homilia. 

A oração eucarística na missa de corpo presente é sentida de forma diferente. Há sempre um tom meio pessimista espalhado no povo, que, como toda a humanidade, não tem certeza do que o aguarda do outro lado.

Clérigos fazem procissão para trazer a Eucaristia. Vídeos por Lucas Gines

O corredor fechado de toda a avenida foi lentamente preenchido por um exército de clérigos que marchavam em silêncio com sua maior arma: a hóstia consagrada no cálice. Prostavam-se na frente daquelas 200 mil pessoas e falam em uma só língua:

– Eis aqui o corpo de Cristo.

Depoimento de Letícia, peregrina, após receber a comunhão na missa de corpo presente. Vídeo por Lucas Gines

Naquele dia, com o último abraço daquele papa, o grupinho de Assis lembrou que era tão jovem. Dione, 71, foi a primeira a animar o sumiço que queriam dar do resto da peregrinação. Pediram para ficar no centro de Roma.

Era a capital do mundo. Peregrinos trocavam lembranças de seus países e gritavam descontroladamente o nome do país do outro. “Samba do Brasil” era a favorita dos europeus que queriam agradar. Era o amor de Cristo que havia os unido.

Grupo de peregrinos portugueses, de Chavês, trocando lembranças com brasileiros. Vídeo por Lucas Gines 

Espalhados por toda cidade, cartazes demandavam Santo Subito. A expressão é um pedido e um desejo da canonização imediata de alguém que fez o bem seguindo a doutrina católica. Imagens de Francisco, de vestes brancas e braço direito erguido, já eram comercializadas.

Foram visitar com a orientação de Zilmara, que já conhecia a capital, a Fontana di Trevi. Tomaram gelato e comeram pizza. Compraram lembranças, ‘calendários de padres gatos’ e passaram também pelo Panteão. Foram tomar mais um gelato, agora de limão siciliano na casca do limão siciliano, ao invés do pistache. Dançaram devagarinho até embaixo, quando uma loja os reconheceu como brasileiros e colocaram “Bomba” na caixa de som. Enfrentaram metrô e ônibus para chegar no hotel quando a penumbra da madrugada começava a pesar.

Grupo de peregrinos de Assis. Acervo pessoal.

No dia seguinte, o último e originalmente dedicado à canonização de Carlo, foram conhecer a Basílica de São Pedro junto ao resto do grupo, que descansou bem mais que eles. L’Osservatore Romano, jornal de distribuição gratuita no Vaticano, estampava “Grazie, Francesco”.

Aparecida Matos, 63, ajoelhava-se em oração e obediência na Praça São Pedro. Em formato de uma chave, 147 papas têm seus corpos guardados ali. As visitas, que eram liberadas de hora em hora, aglomeravam peregrinos ansiosos. Juntos, entrelaçando braços e pedidos, recriavam sem perceber a caravana de São Pedro que estampa a logo do Jubileu desse ano.

Aparecida ajoelhada ao adentrar a Praça São Pedro. Foto por Lucas Gines

Sidnei quebrou o silêncio da caminhada séria. “Viva Nossa Senhora Aparecida!”, ele gritou. E as pessoas que esbarravam no grupo, sem ser da mesma peregrinação, respondiam a sua coragem. Em seguida, uma hispânica brada um dos maiores mártires latinos: “Viva Cristo Rei!”

Os santos e cantos foram encurtando o espaço do trajeto. Lá dentro, mausoléus decoravam a imensidão. Capaz de guardar a Estátua da Liberdade confortavelmente dentro da sua nave, as imagens antropomórficas têm seus tamanhos calculados a partir da perspectiva do olhar. Assim, a contradição do teto tão alto com os mármores lapidados em semelhança ao tamanho humano faz qualquer um sentir-se minúsculo.

Dimensões exorbitantes da Basílica de São Pedro, que chega a 137 metros. Foto/Vídeo por Lucas Gines

É um império à espera de um líder. E é o Sol de onde sairá o próximo “Habemus papam!

Edição por Maria Clara Marques e Mariana Lumy

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