Proclamação da República: História e turismo desse marco tão importante para o Brasil
Entenda as razões que levaram esse marco histórico acontecer e conheça diversas exposições que, com grandes acervos, contam um pouco do que foi a Proclamação da República.
Texto por Ana Beatriz Ortega
No dia 15 de novembro de 1889 ocorreu a Proclamação da República, que começou como uma passeata militar no Rio de Janeiro e se transformou num movimento republicano. Após as tropas do Marechal Deodoro da Fonseca cercarem o gabinete ministerial, José do Patrocínio (quem tomou iniciativa de proclamar a república, na câmara municipal do Rio de Janeiro), que na época era vereador, entrou no Plenário da câmara e leu a carta pública que abolia a monarquia.
CAUSAS
As principais razões que causaram a Proclamação da República foram:
- Militares:
Houve uma insatisfação entre o Exército Brasileiro e a política. Os militares entendiam-se como uma parcela de grande importância para o Estado e por isso eles exigiam o direito de apresentar suas opiniões políticas abertamente. A monarquia procurou limitar a influência dos militares, evitando as manifestações públicas do Exército.
- Questão religiosa:
A união entre o Império e a Igreja foi motivo de divergências entre Dom Pedro II e os religiosos católicos. Com a vinda do Vaticano no final do século XIX houve um combate à maçonaria e vários bispos proibiram a participação de maçons em qualquer ordem religiosa. Com o próprio Imperador sendo maçom, os bispos que decidiram cumprir à risca tal medida foram presos, provocando o rompimento entre o imperador e o catolicismo.
- Questão abolicionista:
Uma das principais causas que levaram à Proclamação foi a questão abolicionista. A abolição aconteceu no dia 13 de maio de 1888. Os fazendeiros romperam com Dom Pedro II e aproximaram-se do movimento contra a monarquia, exigindo mais autonomia e participação política.
CONSEQUÊNCIAS
A Proclamação da República resultou em uma grande mudança na história brasileira. Os símbolos nacionais foram trocados, e “heróis” foram estabelecidos, como Tiradentes. Além disso, o Brasil passou a ser um território com poder descentralizado, com a implementação do federalismo.
São os vícios da monarquia que facilitaram a falta de apoio ao regime quando a República foi proclamada e o modelo arcaico de produção escrava, quando abolido, precipitou a queda da monarquia. Como consequência, a República nasce sobre as ruínas de um regime obsoleto e que mantinha a escravidão como foco do seu poder.
Além disso, uma das continuidades nocivas entre o fim da monarquia e o início da República, que ainda hoje afetam a sociedade, é a herança escravocrata mal solucionada que permeia as instituições republicanas sendo elas, o senador, a magistratura e as assembleias populares.
COMO A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA AFETOU DIFERENTES GRUPOS SOCIAIS?
“Lima Barreto costumava dizer que o Brasil não tem povo, tem plateia. Anos depois José Murilo de Carvalho publica o livro que já nasce como um clássico para a historiografia: ‘Os bestializados: O Rio de Janeiro e a República que não foi’, onde aborda o papel do povo, que era muito baixa, na formação do novo sistema político que se inicia”, afirma Thiago Borges, graduado em história pela Unesp e pós graduado em Ensino de geografia pela Unicentro.
A história também mostra que as ideias republicanas se confirmaram em 1889 a partir das mudanças econômicas e sociais, que levaram parte da população a se converter aos ideais republicanos, e parte dela “aceitar” o fim da Monarquia, ante o enfraquecimento da monarquia e o descontentamento das classes menos privilegiadas.
O TURISMO DA PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA
- Museu Republicano Convenção de Itu:
Localizado no Centro de Itu, interior de São Paulo, o museu apresenta alguns documentos, objetos e fotografias dos bastidores da Proclamação da República. A casa, antiga residência da família Almeida Prado, sediou a Convenção de Itu de 1873, um marco do movimento que levou ao acontecimento do marco.
O local tem horário de terça à domingo das 10h às 17h, não precisando de agendamento caso sua visita seja familiar. Mas se você quiser realizar uma visita em grupo é necessário entrar em contato pelo email: edu.mrci@usp.br

Entrada do Museu Republicano de Itu/ Foto por Ana Beatriz Ortega
- Museu da República (Palácio do Catete):
O museu localizado na cidade carioca busca, por meio de suas ambientações, exposições temporárias e exposições de longa duração, oferecer ao visitante um cenário republicano. Dentro disso, os salões do palácio contam com documentos, fotos, objetos e mobílias do séc. XIX.
Para visitas individuais ou para grupos com menos de 10 pessoas não precisa de agendamento. Para os maiores grupos é necessário entrar em contato pelo email: mr.educa@museus.gov.br.

Palácio do Catete/ Licença Creative Commons
- Museu Casa Benjamin Constant:
Também no Rio de Janeiro, este museu exalta a memória do ideólogo e patrono da república. Benjamin Constant,que alugou a casa logo após a Proclamação da República, quando participava do governo provisório, em 1889.
Para realizar as visitas, o museu fica aberto de terça à domingo das 10 às 17h e para agendar uma visita mediada: mcbc.comunica@museus.gov.br

Créditos: site Museu Casa Benjamin Constant
- Museu da Imigração:
Em São Paulo, o museu preserva a memória dos imigrantes que chegaram ao Brasil no final do Império, e no início da República. Ou seja, pessoas que foram testemunhas da transformação que o país passava.
O funcionamento é de terça a sábado, das 9h às 18h, e domingo, das 10h às 18h. E os ingressos podem ser adquiridos pelo Sympla.
