Parada do Orgulho LGBT+ 2025 celebra aqueles que resistiram

A 29ª edição da Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo destaca a luta da população idosa da comunidade

Texto por Beatriz Felizardo

A 29° edição da Parada do Orgulho LGBT + de São Paulo acontece no próximo domingo, 22, na Avenida Paulista. Neste ano,o tema “Envelhecer LGBT+: Memória, Resistência e Futuro”, escolhido pela Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo (APOLGBT-SP), reforça o compromisso com o debate sobre a realidade de pessoas queer idosas no Brasil. As apresentadoras oficiais são as drag queens Silvetty Montilla e Helena Black.

O foco da edição é falar sobre a escassez de políticas públicas voltadas aos idosos, que enfrenta desafios como o acesso a lares inclusivos, a redes de apoio e a serviços adequados para garantir uma velhice digna. A Parada também terá bandeiras em defesa de famílias LGBT+ e do fim da escala 6×1, debate liderado pela deputada federal Erika Hilton.

Créditos: Arte de divulgação do tema da Parada do Orgulho LGBT+ de SP 2025, criada pela agência Dompa. Reprodução.

“Em 2025, a Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo levanta a voz por quem resistiu, construiu e segue sendo exemplo de coragem. Lutar pelo envelhecimento com dignidade é lutar para que nenhuma pessoa seja deixada para trás” afirmou Nelson Matias Pereira, presidente da APOLGBT-SP, em comunicado.

Além de reivindicação e memória, a Parada também é espaço de celebração e pertencimento. Para Camila Guesa, de 38 anos, participante do evento desde os anos 2000, o ato representa liberdade e afirmação:

“Para mim, a Parada LGBTIAPQN+ é sobre reconhecimento, ocupação e liberdade. É estar entre os meus sem medo, celebrando as diferentes vidas, corpos, realidades e histórias – nem sempre tão fáceis – de ser uma pessoa e um corpo dissidente.”

Camila é mulher branca, cisgênero, lésbica, mãe de gêmeos e jornalista. Ela ressalta que participar da Parada é uma experiência única e acredita que é essencial que seus filhos cresçam em contato com a diversidade.

Para quem deseja levar a família, ela compartilha uma dica: “Para ir com família ou grávida e com criança, o ideal é ir mais cedo, no início da parada, pois é mais tranquilo, com agendas menos agitadas e mais ‘parado'”.

Créditos: Arquivo pessoal Camila Guesa

Kalef Castro, artista baiano radicado em São Paulo, fez da Parada do Orgulho LGBT+ um palco de visibilidade, resistência e representatividade. Negro, gay e da periferia, Kalef leva com si o desejo de ser referência para jovens LGBTs que, muitas vezes, não se veem representados nos espaços. 

Ao relembrar da sua primeira apresentação na Parada, ele destaca a importância de estar ali, presente pela sua comunidade, lutando por direitos e visibilidade. “ É uma vitrine e, como artista, estar ali é uma forma de reconhecimento”, afirma. Sua principal lembrança envolve um pôr de sol e uma bandeira LGBTQIA + quilométrica sendo carregada na multidão: “Eu me emocionei. Foi naquele momento que pensei: ‘É sobre isso’.”

A origem da Parada do Orgulho LGBT+ 

O estopim da luta LGBT+ nas ruas nasceu com diversas resistências à repressão policial. A primeira Parada do Orgulho LGBT+ do mundo ocorreu em 28 de junho de 1969, em Nova York, um ano após a Revolta de Stonewall – manifestações lideradas por pessoas LGBT+ que enfrentaram a violência da polícia no bar Stonewall Inn. Desde então, a data passou a ser o Dia do Orgulho LGBT+.

No Brasil, a primeira Parada do Orgulho aconteceu em São Paulo em 28 de junho de 1997, reunindo 2 mil pessoas na Avenida Paulista. Porém, alguns ativistas da comunidade consideram a marcha realizada, em 1995,  após a 17ª Conferência da Associação Internacional de Gays e Lésbicas (ILGA), no Rio de Janeiro, como o primeiro grande evento da comunidade.

Créditos: Foto de arquivo (25/06/1995) – Marcha pela Cidadania, Av. Atlântica, Copacabana. Foto: Claudia Ferreira/ Memória e Movimentos Sociais/Arquivo
Editado por Lucas Gines, Maria Clara Dias Marques e Mariana Lumy

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