Léo Batista, a voz marcante
O jornalista faleceu no último domingo, no Rio de Janeiro, por conta de um tumor
texto Por Beatriz Felizardo
Na tarde do último domingo, 19 de janeiro, morreu aos 92 anos o jornalista Léo Batista. Léo estava internado no Hospital Rios D’Or, no Rio de Janeiro para tratar um tumor no pâncreas e deu entrada no hospital com dores abdominais e desidratação. O velório aconteceu nesta segunda-feira (20) às 14h, na sede do Botafogo, seu time do coração e com cerimônia aberta ao público.
A voz marcante do jornalismo brasileiro noticiou diversos acontecimentos importantes para a história do país, como o suicídio de Getúlio Vargas em 1954; o assassinato do presidente dos Estados Unidos, John Kennedy, em 1963; e a morte do grande piloto brasileiro Ayrton Senna. Tudo isso em seus mais de 70 anos de carreira.
Léo participou de grandes coberturas do esporte brasileiro: Maracanaço em 1950, quando o Brasil foi derrotado pelo Uruguai na final da Copa do Mundo, e esteve também em quase todas as Copas do Mundo desde 1974 e dos Jogos Olímpicos, desde das Olimpíadas de Los Angeles em 1984.
Quem foi Léo Batista?
Nascido em Cordeirópolis, interior de São Paulo, João Baptista Belinaso Neto, o conhecido Léo Batista, nasceu em 22 de julho de 1932, é filho de imigrantes italianos e dizia que começou a treinar as narrações em uma lata de tomate, na beira do campo.
O início da sua carreira foi na Rádio Birigui, onde sua voz começou a ecoar pelos alto-falantes. \”Serviços de alto-falantes América, transmitindo da Praça João Pessoa!”, dizia, também narrando jogos de futebol e elaborando notícias.
Em 1952, o jornalista mudou-se para a capital carioca. Contratado pela Rádio Globo como locutor e redator de notícias, seu primeiro trabalho no ar foi no programa “O Globo no Ar”. Pouco tempo depois, tornou-se membro da equipe esportiva da rádio.

Léo Batista no Jornal Nacional, da TV Globo – Créditos: Instagram Leobatista.neto
Do rádio à telinha
A estreia de Léo Batista foi na partida entre São Cristóvão e Bonsucesso. Foi após essa transmissão que João Baptista Belinaso Neto começou a usar o nome Léo Batista, por sugestão do seu chefe Luiz Mendes que achava o seu nome pouco sonoro.
Ele fez a transição para a televisão em 1955, ao ser contratado pela TV Rio. Organizou e participou de diversas etapas da produção do conhecido Jornal Pirelli e, em 1968 deixou a TV Rio, com uma breve passagem pela TV Excelsior, mas retornando à Globo em 1970.
Na sua volta à TV Globo, o jornalista garantiu mais espaço ao ser chamado para uma edição extraordinária do Jornal Nacional, em uma substituição do Cid Moreira.
JH, EE e Gols do Fantástico
Na companhia de Luís Jatobá e Márcia, Léo foi um dos apresentadores do ‘Jornal Hoje’, em 1971. Além disso, foi apresentador do Esporte Espetacular e teve grande relevância na criação do Globo Esporte em 1978, programa cuja ideia do nome foi do próprio Léo, quando fez parte da primeira equipe e décadas à frente do programa.
A voz marcante caracterizou-se ainda mais em 1974 nos “Gols do Fantástico”, quadro que mostrava lances decisivos dos campeonatos estaduais e brasileiros de futebol. Lá, o jornalista também apresentava os resultados da Loteria Esportiva com narração da Zebrinha, algo que marcou o programa.

Léo Batista no globo esporte – Créditos: Instagram Leobatista.neto
O documentário de Léo Batista
“Léo Batista, a Voz Marcante” foi lançado pelo Sportv em junho de 2024 e está disponível na plataforma de streaming Globoplay, o documentário tem quatro episódios e repassa a trajetória longeva do jornalista. A obra mostra desde o início da carreira, na adolescência, até a chegada à televisão. Totalmente versátil, Léo foi o primeiro narrador de uma transmissão de surfe e de Fórmula 1 na televisão brasileira.
Destacando-se por sua humildade e simplicidade, “Seu Léo”, apelido que ganhou nos corredores da emissora, tentava encontrar o reconhecimento de sua importância com o diferencial na mídia repleto de versatilidade e enorme capacidade de mudança.
Com depoimentos de William Bonner, Galvão Bueno, Pedro Bial, Boni, Leilane Neubarth, Luís Roberto, Tadeu Schmidt, Alex Escobar, o Jornalismo mostra a grande importância da Marcante Voz da comunicação.