Como o jovem pode investir seu primeiro salário

Como o jovem pode Investir seu primeiro salário?

Saiba como fazer um bom uso do seu dinheiro e fugir da irresponsabilidade com dicas de especialistas, primeira dica: fuja da inadimplência

Texto por Gabriella Covizzi, Giovanna Astolfi, Larissa Prais, Letícia Mofarrej, Maria Eduarda Goulart, Maria Clara Ortega.

O primeiro salário é sempre muito esperado pelos jovens que ingressam no mercado de trabalho. E, muitas vezes, é mal utilizado, comprando besteiras e coisas inúteis. Quem nunca… Mas o problema é o que fazer com os próximos pagamentos. Falta experiência e responsabilidade financeira, mas também educação. São poucos os que aprendem, desde cedo, a administrar o dinheiro. Não existe um roteiro nem fórmula a ser seguida, mas alguns caminhos podem contribuir para uma melhor conduta financeira. 

“Qual é o seu apetite ao risco? Para quando você irá precisar do dinheiro? Quais são os planos para ele?”, questiona o economista Fernando Honorato, do Banco Bradesco, em entrevista exclusiva para a Revista Vulpes. São essas perguntas que todo jovem (e investidor de qualquer idade) deveria fazer. O que Honorato quer dizer é que gastar todo o dinheiro não é uma boa opção. A conta é simples.

Ter dinheiro em mãos geralmente é tentador e induz ao gasto, mas entender que esse dinheiro pode ser multiplicado ao longo do tempo é muito mais vantajoso. Guardar dinheiro na poupança possui muitos benefícios, principalmente se levarmos em consideração os juros compostos que serão aplicados a longo prazo nessa quantia.  

Segundo o economista, é recomendado que o jovem utilize o que ganha, não só o primeiro salário, dividindo e organizando-o em categorias. Isso deve ser feito com despesas como lazer, despesas básicas, emergências e investimentos. Assim o dinheiro será bem distribuído. Quando se tem uma noção dos gastos e ganhos ao longo do tempo, pode-se pensar na segunda etapa, que é investir.

Como descobrir o melhor tipo de investimento?

O mercado de investimentos pode parecer complexo, mas quando bem utilizado gera resultados benéficos. Para aqueles que desejam dar início aos investimentos, mas não sabem de que maneira prosseguir, Honorato aconselha a descobrir, em primeiro lugar, que tipo de investidor você é – e essa é uma dica que pode ser providencial já desde o primeiro salário. Para ter uma melhor noção disso, meios como a API (análise do perfil do investidor), isto é, questionários fornecidos pelos bancos (que possuem plataformas de investimentos), ajudam a determinar o perfil de um indivíduo que ainda não investe e qual o melhor tipo de investimento para cada um.

Com a implementação do novo ensino médio em 2022, a educação financeira passou a ser um assunto abordado em algumas escolas brasileiras, porém ainda é muito negligenciado pela falta de investimento dos governos nessa área. Uma pesquisa feita pela S&P Ratings Services Global Financial Literacy Survey (Pesquisa Global de Educação Financeira da divisão de ratings e pesquisas da Standard & Poor’s)  apresenta que o Brasil ocupa o 67° lugar no ranking global de 143 países analisados sobre alfabetização financeira, onde 47% dos jovens da geração Z não fazem o controle de finanças.  

A inadimplência financeira é bastante presente na vida de muitos jovens brasileiros, atualmente 78,5% dos brasileiros se encontram endividados e ao percebermos esse cenário é plausível definirmos alguns pontos sobre as fontes dessa situação.

A importância do empreendedorismo

Empreender, desde cedo, é uma maneira de abrir oportunidades para um futuro financeiramente mais estável. Vinícius Ebel, de 20 anos, estudante de Economia da FGV, começou a investir em Bitcoin aos 13 anos por influência da família e, aos 15, já investia no mercado de ações brasileiras. Por esse motivo, o jovem decidiu criar o canal “Jovem Estagiário”, no YouTube, que ensina empreendedorismo e mercado financeiro para a vida dos jovens, além de compartilhar experiências pessoais de alguém que já investe. 

Vinícius, em conversa com a Revista Vulpes, diz acreditar que a educação financeira deveria ser introduzida precocemente na vida de jovens. Seria papel dos familiares e das escolas ensinarem sobre educação financeira. “No Brasil, há mais pessoas gastando dinheiro em apostas do que investindo, sendo que hoje, a maioria dos investimentos já é taxa zero em corretagem. Ou seja, o acesso é democratizado nos investimentos, mas a população não tem educação necessária para usar. Nos Estados Unidos, a maioria da população investe em ações, no Brasil, apenas 3%”, diz. 

Para Vinícius, poupar parte de seus salários é essencial para obtenção de lucro ao longo prazo: “Se eu pudesse garantir uma regra que todos os jovens deveriam seguir, seria a de guardar uma fatia do seu salário todos os meses, sempre! Então, meu conselho seria, guarde ao menos 10% de tudo que ganha e se possível, invista esse dinheiro. Tenho certeza que, se aplicada, essa simples regra muda a vida de qualquer pessoa”. 

Quais as origens desse problema?

O contato com a educação financeira é de extrema importância para que os jovens saibam como lidar com a responsabilidade do dinheiro desde seus primeiros salários, vivendo em meio às frustrações e felicidades que ele proporciona. 

Fipa Ferreira, influenciador digital e empreendedor, alerta para a incessante demanda de “ter de pertencer” a um certo grupo, algo que acontece muito entre jovens. Em entrevista ao podcast Voz da Vulpes, as redes sociais e as práticas de consumo que existem na nossa sociedade só agravam essa “obrigação”. A sensação de se sentir incluído em um grupo em específico faz com que muitas ações sejam inconsequentes, sem pensar na sua condição financeira atual e não conseguir sustentar as despesas. Ou seja, em vez de economizar, o jovem acaba gastando muito além do que ganha.

É claro que falar em educação financeira é um privilégio diante da desigualdade social. A realidade brasileira apresenta uma diferença social brutal, e é um agravante para a inserção de jovens e da população em geral no mundo dos investimentos. Grande parte da juventude brasileira começa a trabalhar desde nova, para ajudar a família com as despesas de casa ou muitas vezes para bancar seu lar e de seus familiares, e isso já desde o primeiro salário.

**ESSE TEXTO FOI PRODUZIDO DURANTE A MATÉRIA JORNALISMO MULTIMÍDIA E NÃO FOI REVISADO PELOS EDITORES DA REVISTA VULPES
Foto da capa por Tima Miroshnichenko em Pexels.com

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