Halloween com a Raposa: 4 filmes e 4 séries de terror nacionais
A Raposa preparou uma lista bem variada de filmes de terror nacionais para você aproveitar o Halloween da melhor forma
Texto por Rodrigo Bonini
Falar que o cinema nacional não tem filmes bons é quase tão batido quanto o velho clichê do grupinho de adolescentes indo acampar num lugar amaldiçoado. Muitos filmes de drama e comédia brasileiros são reconhecidos internacionalmente, mas e quanto ao gênero do terror? Embora não seja tão popular por aqui, existem várias produções que procuram assustar e encher a tela de sangue do jeitinho brasileiro. A Vulpes selecionou 4 filmes e 4 séries para maratonar nesse Halloween ou para ficar na sua lista, porque algo realmente assustador é continuar a ignorar esse mercado tão variado e inovador.
FILMES
À Meia Noite Levarei Sua Alma (1964): Não tinha como começar a lista de outro jeito, sejamos honestos. José Mojica Marins, mais conhecido como o Zé do Caixão, é o pai do cinema de terror brasileiro e estreou o gênero por aqui com esse filme, que virou um clássico reconhecido internacionalmente e ocupa o 46° lugar da lista dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos, organizada pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine).
A história do filme conta sobre o famoso coveiro que vive isolado em sua cidade, onde é detestado. O maior objetivo na vida de Zé é continuar a sua linhagem com um “filho perfeito”, que ele planeja ter de qualquer modo necessário. As ações terríveis que o vilão toma para cumprir seu propósito dão início a uma trama cheia de vingança, crueldade e iconografia.
ONDE ASSISTIR: GLOBOPLAY / 16 ANOS
As Boas Maneiras (2017): Clara (Isabél Zuaa), uma enfermeira que mora na periferia, é contratada por Ana (Marjorie Estiano), que vive no moderno centro de São Paulo, para trabalhar em seu apartamento e ajudar durante o período de gestação de seu bebê. Mas, com o passar do tempo, Clara começa a notar comportamentos bizarros que Ana apresenta durante noites de lua-cheia: pistas de um segredo terrível.
O filme utiliza o gênero do terror para fazer comentários sobre diferenças sociais, racismo e as relações entre mulheres de maneira exemplar. A fotografia é fabulosa e deixa a obra com cara de conto de fadas, algo que fica mais evidente na escolha da produção em utilizar a técnica de “matte painting”, que é quando uma pintura serve como cenário, o que acaba dando um ar sobrenatural e expressionista por todo o filme.
ONDE ASSISTIR: NETFLIX / 14 ANOS
O Animal Cordial (2017): Gerente de um restaurante que já viu dias melhores, Inácio (Murilo Benício) se encontra em conflito com sua equipe, com exceção da garçonete Sara (Luciana Paes). Ao final de um dia longo, enquanto esperam os últimos fregueses saírem, dois ladrões entram no local e fazem todos de refém. A história parece ser batida, mas o filme guarda muitas surpresas que prometem deixar o espectador preso na trama igual aos fregueses do local. No elenco também estão Irandhir Santos e Camila Morgado.
A atmosfera é tensa do início ao fim, a fotografia é repleta de metáforas visuais que passam a ideia de selvageria dos personagens e o roteiro aborda luta de classes, machismo, homofobia e racismo de uma maneira interessante. O “Animal Cordial” é um prato cheio para quem gosta de terror e harmoniza muito bem com as exageradas doses de sangue que apresenta.
ONDE ASSISTIR: GLOBOPLAY / 18 ANOS
Morto Não Fala (2018): Stênio (Daniel de Oliveira) trabalha no necrotério e vive cercado pelos mortos, mas graças a um dom – ou seria uma maldição? – ele é capaz de se comunicar com os cadáveres. Tudo muda quando um dia, por causa de uma escolha egoísta, Stênio acaba irritando os espíritos e vira alvo de um espírito vingativo que quer destruir tanto ele quanto sua família.
“Morto Não Fala” é um filme de fantasma que vai além do óbvio e traz criatividade não só à história, mas também para as cenas de morte. O roteiro mistura o elemento fictício com situações incômodas e reais, como a violência social, para deixar o resultado ainda mais macabro.
ONDE ASSISTIR: APPLE TV / 16 ANOS
SÉRIES
Amorteamo (2015): A série se passa na capital pernambucana de Recife no século XX e acompanha dois triângulos amorosos que levam a mortes trágicas. Primeiro é contada a história de Arlinda (Letícia Sabatella), casada com Aragão (Jackson Antunes) mas que possuí um caso com Chico (Daniel de Oliveira); depois de um salto no tempo de 18 anos o filho de Arlinda, Gabriel (Johnny Massaro) se apaixona por Lena (Arianne Botelho), mas acaba sendo obrigado a se casar com Malvina (Marina Ruy Barbosa), filha de uma família rica.
A direção de arte é impecável e lembra o estilo de A Noiva Cadáver. Os atores fazem ótimos trabalhos e são presenteados com um roteiro que interpreta os mortos-vivos com um olhar diferenciado e também incorpora muito da cultura nordestina de maneira satisfatória.
ONDE ASSISTIR: GLOBOPLAY / 16 ANOS
Supermax (2016): 12 participantes são levados à uma prisão de segurança máxima no coração da floresta amazônica, onde precisam conviver juntos e superar provas para conquistar o prêmio de 2 milhões de reais. Parece até a sinopse do próximo reality da Globo, mas é a premissa de um seriado que satiriza esse tipo de programa enquanto incorpora elementos do terror.
A história é cheia de segredos e brinca com os efeitos que o confinamento pode gerar nos participantes. O elenco conta com Mariana Ximenes, Cleo Pires, Rui Ricardo Diaz e a participação de Pedro Bial como o anfitrião do reality fictício, em um reflexo de seus anos como apresentador do BBB.
ONDE ASSISTIR: GLOBOPLAY / 16 ANOS
Noturnos (2020):O elenco de uma peça acaba preso dentro do teatro em que estavam ensaiando devido a um temporal. Sem ter o que fazer, eles decidem contar histórias e lembrar de peças antigas para passar o tempo; mas, ao longo da noite, cada vez mais segredos acabam sendo revelados e a linha que divide o real do fictício começa a se apagar.
O diferencial da série é que cada conto que aparece é baseado em obras do Vinícius de Moraes, mostrando um lado mais assustador do famoso poeta e compositor. Outra escolha interessante foi designar diretores diferentes para cada narrativa, o que leva a uma variedade de estilos que mostram os diferentes pontos de vista dos personagens.
ONDE ASSISTIR: GLOBOPLAY / 16 ANOS
Desalma (2020): Em 1988, o sumiço da jovem Halyna (Anna Melo) durante o festival de Ivana Kupala marca a cidade de Brígida no interior do sul do país. O festival é banido e, somente 30 anos depois, ele volta a ser celebrado justo quando Giovanna (Maria Ribeiro) chega no local para viver com suas filhas. Tudo parece estar voltando ao normal, mas assombrações, eventos terríveis ligados ao passado e a existência de bruxas, dentre elas a trágica Haia Lachovicz (Cássia Kis), prometem fazer desta comemoração outro pesadelo.
Quando a produção foi lançada, deu o que falar e foi sucesso tanto de crítica quanto de público. As atuações, a fotografia, a premissa interessante e a direção de Ana Paula Maia contribuíram para que essa acabasse sendo uma das séries de terror mais memoráveis do Brasil. Vale a pena até para quem não gosta de levar susto assistir.
ONDE ASSISTIR: GLOBOPLAY / 16 ANOS
Aproveitem essas gostosuras do audiovisual brasileiro. A Raposa deseja a vocês um assustador Halloween!